Aos dois anos, as crianças vivenciam uma fase vibrante e repleta de energia no seu desenvolvimento. Nesse período, elas são impulsionadas por uma sede inata de vida, canalizando sua energia abundante por meio de brincadeiras, corridas e saltos, o que, por vezes, pode levar a quedas. Assim, é fundamental adotar métodos adequados para auxiliá-las a controlar sua inquietação e hiperatividade. Restaurar seu equilíbrio e serenidade pode ser um desafio constante, por isso, os pais podem optar por proporcionar uma pausa em um ambiente tranquilo que favoreça a calma e alternativamente orientá-las a retomar suas atividades em outro momento, a fim de acalmar seus ânimos exuberantes.
Aos dois anos, a criança utiliza seus cinco sentidos para explorar o mundo ao seu redor, com especial ênfase no tato. Por isso, é fundamental orientá-la sobre o uso adequado desse sentido. A criança também começa a desenvolver habilidades motoras e verbais, como correr afastada dos pais ou empregar a palavra “não” como uma forma de afirmar sua independência, o que reflete o ritmo acelerado de seu crescimento e desenvolvimento. Nesse estágio, é necessário proporcionar uma orientação e regulação que favoreçam o cultivo de comportamentos sociais adequados.
Numerosos sinais podem se manifestar nas crianças dessa faixa etária, incluindo os seguintes:
Marcos Físicos: os marcos físicos aos dois anos de idade englobam diversos indicadores do crescimento físico, juntamente com o desenvolvimento de habilidades motoras variadas, como os seguintes:
- Andar, correr e tentativas de saltar com ambos os pés
- Arrastar e carregar brinquedos enquanto caminha
- Esforços para escalar e subir móveis domésticos
Marcos Cognitivos: Aos dois anos, as crianças começam a adquirir diversas habilidades cognitivas, como o desenvolvimento de formas variadas de pensamento e a criação de novos métodos para resolver problemas, frequentemente como parte do impulso para demonstrar e afirmar sua independência. Entre esses marcos, destacam-se os seguintes:
- O interesse da criança por brinquedos complexos
- A capacidade da criança de recordar eventos passados e discuti-los
- A tendência da criança em categorizar seus brinquedos em grupos, de acordo com tipo, tamanho e cor
Marcos Linguísticos: Aos três anos, as crianças geralmente são capazes de compreender e entender a maioria das palavras que ouvem de seus pais. Sua habilidade de falar também experimenta um desenvolvimento considerável nesta fase. Entre esses marcos, destacam-se os seguintes:
- A compreensão da criança sobre a fala de indivíduos familiares, seu conhecimento dos nomes dos objetos que utiliza diariamente e o reconhecimento dos nomes das partes do corpo
- A repetição de palavras que a criança ouve
- A tendência a fazer perguntas sobre tudo o que a rodeia, como: “O que é isso?”
Marcos Sociais e Emocionais: Aos dois anos, as crianças começam a expressar sua independência e a demonstrar um interesse crescente pelos outros ao seu redor. Entre esses sinais, destacam-se os seguintes:
- A imitação das ações daqueles que as cercam
- A alegria ao interagir em brincadeiras com outras crianças
- A percepção de que é capaz de realizar determinadas tarefas sem a necessidade de assistência parental
Razões para a Teimosia Infantil nesta Idade

Diversos fatores podem levar uma criança a manifestar comportamentos teimosos em relação aos adultos nesta fase, entre os quais se destacam:
- Oferecer ao filho alimentos e bebidas de maneira que fuja à sua rotina habitual, como, por exemplo, um copo de cor diferente da que está acostumado
- O cansaço, a doença, a dor ou o desconforto físico da criança
- Quando a educação da criança é influenciada por múltiplas fontes, como a falta de harmonia ou consistência nas abordagens dos pais, como por exemplo, quando o pai é severo e a mãe é indulgente ou vice-versa.
- A crítica excessiva à criança por cada pequeno erro, repreendendo-a na presença de outros, além da crescente irritação dos pais
- O comportamento da criança pode ser uma tentativa de atrair atenção, especialmente em circunstâncias novas, como a chegada de um novo irmão ou irmã
- A fragilidade da saúde da criança, como a presença de uma deficiência congênita
Dicas para lidar com uma criança de dois anos:
Uma criança de dois anos necessita de cuidados e atenção que acompanhem seu desenvolvimento cognitivo, linguístico e emocional. Assim, algumas das orientações mais importantes a serem seguidas incluem:
- Evite gritar com seu filho, pois tal comportamento, aliado à irritabilidade, semeia o medo e a insegurança em seu interior, enfraquecendo sua autoconfiança e caráter
- Esforce-se para estabelecer um diálogo com seu filho, buscando compreender seus pensamentos, e sempre assegure-se de apresentar uma justificativa para negar seu pedido, destacando que isso é para o seu próprio bem
- Abstenha-se de assustar seu filho com histórias de terror ou invocando figuras que visem amedrontá-lo
- Seja sempre veraz, para que seu filho confie em você incondicionalmente, e evite mentir, pois você é o modelo a ser seguido por ele
- Não permita que imite comportamentos inadequados, nem que seja de forma inadvertida
- Ao conversar com seu filho, garanta que seu tom de voz seja calmo e equilibrado
- Conceda-lhe a liberdade de se envolver em atividades que lhe tragam prazer
Lembrando que uma criança de dois anos é capaz de realizar as seguintes ações:
- Construir uma torre com quatro blocos
- Lançar uma bola para o alto
- Identificar uma forma específica quando solicitada pelo nome
- Reconhecer cinco formas distintas ao apontá-las
- Saltar mais alto
- Colocar ou retirar uma peça de roupa
- Participar de uma conversa simples de três a quatro frases, em sua maioria compreensíveis
Se o seu filho ultrapassou os dois anos de idade e ainda não alcançou nenhuma das etapas mencionadas, é recomendável consultar um médico, um profissional de confiança que tema a Deus. Contudo, isso não implica, necessariamente, que seu filho seja anormal, pois alguns crianças desenvolvem essas habilidades, incluindo a fala, de maneira mais gradual.
Infância entre os dois e três anos:
- Conselhos e recomendações
- Abordagem na educação de uma criança de dois anos
- Estabelecendo regras claras para a criança
Aos dois anos, é possível impor regras comportamentais simples, diretas e fundamentais, que auxiliem a criança a discernir entre o certo e o errado, compreender seus limites e aprender a importância de respeitar e garantir a segurança de todos. Por exemplo, ensinar a criança a sentar-se de forma segura no assento do carro, alertá-la sobre a necessidade de pedir permissão antes de brincar com o brinquedo de outra pessoa e impedindo-los de agredir os outros quando contrariados, um ato que pode causar dano. A criança pode ser incentivada a repetir a regra em voz alta, pois isso facilita a fixação e compreensão. É imprescindível concentrar-se nas habilidades comunicativas da criança nesta fase e aguardar até que esteja completamente focada e atenta antes de apresentar uma nova norma.
Permitir que as Crianças Experimentem Consequências Naturais
É aceitável permitir que crianças de dois anos se envolvam em certos comportamentos inadequados, desde que as consequências resultantes sejam naturais e não causem dano à criança ou aos que estão ao seu redor. Por exemplo, pode-se permitir que a criança derrame o suco, com o aviso claro de que tal comportamento fará com que ela perca a oportunidade de beber o suco desejado. Essa abordagem oferece uma oportunidade valiosa para ajudar a criança a romper com esse hábito indesejável. É fundamental relembrar a criança sobre essa consequência em futuras situações, para evitar repetições. Os pais podem precisar reiterar essa lição diversas vezes, mas, com o tempo, a criança começará a responder ao direcionamento dado.
Conceder aos Filhos Seus Desejos de Forma Adequada
Na idade de dois anos, as crianças frequentemente buscam realizar tarefas de forma independente, sem recorrer à ajuda dos pais, o que pode gerar desordem e perturbação no lar. Nesses momentos, os pais devem manter-se atentos à criança, oferecendo auxílio sempre que necessário, ao mesmo tempo em que a lembram suavemente de que podem pedir ajuda quando necessário. Por exemplo, se a criança tentar abrir sozinha um recipiente de suco, a abordagem mais eficaz seria o cuidador abrir o recipiente para ela e servir um copo de suco.
Tentando Pensar a Partir da Perspectiva da Criança
Na idade de dois anos, as crianças frequentemente se envolvem em comportamentos que geram distúrbios e bagunça, como desenhar nas paredes com giz de cera ou sujar suas roupas enquanto brincam na terra. No entanto, os pais devem, por vezes, esforçar-se para perceber essas ações sob a ótica da criança, que vê tais atividades como formas divertidas de explorar o mundo ao seu redor. Assim, é preferível não interromper imediatamente o comportamento da criança, pois isso pode gerar irritação, mas sim esperar alguns momentos, permitindo-lhe agir de forma independente, ou então orientá-la suavemente, auxiliando-a a realizar as tarefas de maneira adequada.
Passando um tempo agradável com a criança
Os pais devem priorizar o compartilhamento de momentos agradáveis com seus filhos de dois anos, envolvendo-os em uma variedade de atividades diárias, como brincadeiras e recreação. Isso não só fortalece o vínculo emocional e o senso de alegria na criança, mas também contribui para o desenvolvimento de suas habilidades fundamentais. Tal abordagem estimula a exploração de seus interesses, promove o crescimento pessoal e os ajuda a gerenciar suas rotinas diárias de forma mais eficaz. Além disso, é essencial que os pais reconheçam a necessidade de orientação na maioria das crianças, estabelecendo horários específicos durante o dia para essas atividades.
Estabelecer uma conversa com a criança, em vez de sobrecarregá-la com perguntas
Uma criança de dois anos pode não apreciar ser constantemente bombardeada por uma série de perguntas, frequentemente recorrendo à evasão ou respondendo com uma única palavra. No entanto, quando os pais deixam de lado o fluxo incessante de questionamentos e, em vez disso, iniciam uma conversa direta, ajudam a desfazer as barreiras entre eles. Tal abordagem desperta no criança o desejo de participar ativamente e compartilhar no diálogo.
Concentrando-se nas tarefas que a criança é capaz de realizar
Aos dois anos, as crianças podem ouvir as advertências contra certos comportamentos, mas frequentemente não compreendem o que devem fazer em substituição. Portanto, é fundamental direcionar a atenção para a orientação da criança em relação a comportamentos alternativos, auxiliando-a a entender melhor as opções disponíveis.
Ouvir a criança e repetir palavras reconfortantes de forma contínua
Uma criança de dois anos necessita de uma escuta atenta de seus pais para sentir-se amparada. É fundamental que os pais reconheçam as preocupações que afligem a criança, demonstrem um interesse genuíno e se esforcem para acalmá-la sempre que tais situações surgirem. Por exemplo, se a criança começar a se queixar ao ser impedida de abrir um item em uma loja, lembrá-la, de forma serena, de que só poderá abri-lo após o pagamento pode ajudar a mitigar sua frustração, mesmo que não satisfaça seus desejos.
Oferecendo Escolhas Limitadas à Criança
Permitir que uma criança de dois anos escolha entre duas boas opções é uma abordagem parental extremamente eficaz e sensata. Esse método capacita a criança a tomar decisões de forma independente, pois ao ter sua opinião considerada, ela desenvolve um sentimento de respeito e consideração. Por outro lado, sobrecarregar a criança com uma infinidade de opções pode ter efeitos contraproducentes, gerando sensações de ansiedade e instabilidade.
Nessa fase, a criança ainda não está preparada para lidar com a abundância de escolhas, necessitando, em última instância, da presença tranquilizadora da orientação parental, que oferece segurança e estabilidade emocional.
A firmeza dos pais em suas regras e convicções diante da criança
Na idade de dois anos, a criança começa a aprender os limites sociais e as ações que deve evitar. Por isso, é imprescindível que os pais se mantenham firmes nas regras que estabelecem, pois a criança pode recorrer a pressões sutis na tentativa de influenciar as decisões dos pais. Assim, é crucial que os pais se mantenham resolutos em suas escolhas, com uma tranquilidade inabalável, garantindo consistência em suas ações. Igualmente importante é a supervisão atenta sobre criança, assegurando que ela siga as diretrizes estabelecidas.
Desafios Comuns na Criação de Crianças de Dois Anos
Por vezes, as crianças recorrem à mentira, muitas vezes sem compreender plenamente a gravidade de suas ações, como uma forma de autodefesa. Uma criança pode negar ter praticado determinado comportamento em resposta ao tom de voz, à linguagem corporal ou às expressões faciais dos pais ao ser questionada, acreditando que a ação que realizou foi errada. Ademais, uma criança pode frequentemente exibir comportamentos agressivos, como bater em outros ou lançar objetos, como uma forma de enfrentar os desafios que encontra. Nessa fase, ela ainda não dispõe das habilidades necessárias para resolver conflitos de maneira construtiva e pacífica, e permanece alheia ao impacto negativo que suas ações podem causar aos que a cercam.
Há inúmeras preocupações que podem surgir na vida de uma criança, gerando ansiedade nos pais, como:
A recorrência de crises de raiva ou comportamentos inadequados, ou a incapacidade de formar uma frase simples de duas palavras até os dois anos de idade. Isso também pode se manifestar pela perda de uma habilidade que a criança possuía anteriormente, ou pela dificuldade dos pais em acalmar e restaurar o equilíbrio da criança quando ela se assusta.
Além disso, caso a criança tenha dificuldades em imitar palavras, gestos, estabelecer contato visual ou demonstrar interesse pelos pares, isso pode ser indicativo de questões subjacentes. Essas causas podem envolver dificuldades de aprendizagem, condições de saúde crônicas ou desafios emocionais na vida da criança.
Dicas de Parentalidade para Cuidar uma Criança de Dois Anos
Existem diversas práticas essenciais que os pais devem seguir e ter em mente ao educar seu filho de dois anos. Entre esses valiosos conselhos, destacam-se:
Empatia para com a criança:
- Há questões que possuem grande significado para a criança e, por isso, podem representar desafios consideráveis. Portanto, é fundamental que os pais demonstrem empatia e compreensão diante dessas dificuldades, mesmo que não concordem plenamente com a importância do problema em questão.
Minimizando o uso da palavra “Não” para com a criança:
- Os pais devem esforçar-se para reduzir o uso frequente da palavra “não” ao se dirigirem à criança, reservando-a para situações realmente necessárias. Em vez disso, devem buscar métodos criativos e construtivos para orientar o comportamento e os desejos da criança em uma direção positiva.
Proporcionando à criança palavras para se expressar:
- É fundamental que os pais auxiliem a criança a articular seus pensamentos, sentimentos e necessidades, especialmente quando ela enfrenta dificuldades para expressá-los de maneira clara e lógica.
Evitando pressionar a criança a apressar-se:
- Em determinados momentos, a criança pode precisar de mais tempo para concluir certas tarefas, exigindo dos pais uma paciência ainda maior. É imprescindível conceder à criança o tempo necessário e compreender seu ritmo natural, em vez de forçá-la a se apressar.
Protegendo a criança de ambientes inadequados:
- Isso pode ser alcançado dentro de casa, mantendo a criança afastada de objetos frágeis que possam causar danos, trancando armários com fechaduras e instalando portões de segurança para impedir o acesso a áreas perigosas. A criança deve ser incentivada a explorar espaços adequados à sua faixa etária, enquanto áreas específicas para brincadeiras e atividades recreativas também devem ser oferecidas.
Em conclusão, não devemos esquecer de elevar nossas súplicas por nossos pequenos, implorando a Allah que os proteja e os ajude a florescer de maneira exemplar.
Este artigo foi publicado na segunda edição da revista (Família muculmana)
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