A Beleza e a Virtude da Modéstia: Lições das Duas Mulheres no Poço de Madyan na História de Mūsā (Que a Paz Esteja com Ele)
Entre as histórias mais belas e nobres do Alcorão que iluminam a virtude da modéstia (‘iffah) e da timidez (ḥayā’) na fala, conduta e coração, está a história das duas mulheres que o Profeta Mūsā (que a paz esteja com ele) encontrou no poço de Madyan — uma história repleta de lições de castidade, dignidade e o caráter nobre que Allah ama em Seus servos.
Allah, exaltado seja, disse: “E quando chegou à água (um poço) de Madyan, encontrou lá um grupo de homens regando (suas rebanhos), e encontrou ao lado deles duas mulheres que estavam segurando (seus rebanhos). Ele disse: ‘Qual é o problema com vocês?’ Elas disseram: ‘Não podemos regar (nossos rebanhos) até que os pastores levem (seus rebanhos); e nosso pai é um homem muito velho.’”
(Surah al-Qaṣaṣ, 28:23)
“Então ele regou (seus rebanhos) para elas; depois voltou para a sombra, e disse: ‘Meu Senhor! Verdadeiramente, estou necessitado de todo bem que Tu me concederes!’” (Surah al-Qaṣaṣ, 28:24)
“Então veio até ele uma das duas mulheres, caminhando timidamente. Ela disse: ‘Certamente, meu pai te chama para que te recompense por teres regado (nossos rebanhos) para nós.’ Então, quando ele chegou até ele e contou a história, ele disse: ‘Não temas. Tu escapaste do povo que são ẓālimūn (politeístas e injustos).’” (Surah al-Qaṣaṣ, 28:25)
Desses nobres versículos, podemos extrair preciosas lições de modéstia, cada uma pintando um quadro de castidade e graça.
🌷 As Lições de Modéstia e Dignidade da História de Mūsā (que a paz esteja com ele)
- Elas se mantiveram afastadas dos homens.
Allah disse: “Ele encontrou ao lado deles duas mulheres que estavam segurando (seus rebanhos).” Elas escolheram distância e separação, ficando longe de onde os homens se reuniam — uma lição para toda mulher crente de que a modéstia começa evitando a mistura desnecessária.
- Elas impediram que seus rebanhos se misturassem com os dos homens.
Allah disse: “Elas estavam segurando (seus rebanhos).” Elas se esforçaram para evitar situações que levassem à interação ou mistura, mesmo quando isso exigia dificuldade — mostrando que a verdadeira modéstia busca cortar os meios para a tentação antes que ela comece.
- Elas falaram brevemente, sem palavras desnecessárias.
Elas disseram: “Não podemos regar até que os pastores levem (seus rebanhos); e nosso pai é um homem muito velho.” Elas não prolongaram a conversa nem se entregaram a detalhes. Sua fala foi concisa, pura e livre de qualquer tom que pudesse convidar ou encorajar.
- A resposta delas continha todas as informações necessárias.
Em uma breve frase, responderam a todas as possíveis perguntas que Mūsā poderia ter feito — por que ficaram afastadas, por que não regaram, e por que nenhum homem estava com elas. Isso mostra a inteligência e castidade da fala que evita conversas prolongadas.
- A castidade de Mūsā (que a paz esteja com ele) foi ainda maior.
Ele fez apenas uma pergunta: “Qual é o problema com vocês?” Depois permaneceu em silêncio até encontrar o pai delas. Isso mostra a nobreza de um homem que guarda seus olhos, língua e intenções — uma lição para os homens manterem sua dignidade e autocontrole mesmo quando sozinhos com mulheres.
- Ele agiu sem buscar pedido ou gratidão delas.
Mūsā viu a necessidade delas e ajudou imediatamente. Não pediu agradecimento, nem se envolveu em conversa. Fez sua boa ação sinceramente para Allah, depois retirou-se para a sombra e voltou-se para seu Senhor. Essa é a sinceridade dos justos — fazer o bem para Allah, não para reconhecimento.
- Ele não esperou por reconhecimento.
Depois de regar para elas, “ele voltou para a sombra.” Não demorou, não olhou para trás, nem conversou — nos ensinando que o coração que teme Allah não busca apreciação mundana pela bondade.
- A modéstia delas permaneceu mesmo quando havia necessidade.
Elas tinham todas as desculpas para se misturar com os homens — necessidade, ausência de um guardião masculino, espaço público e multidão — ainda assim mantiveram sua castidade. Como, então, alguém hoje pode alegar necessidade enquanto negligencia a modéstia por razões muito menores?
- Eles expressaram suas palavras com dignidade e firmeza.
Começaram sua declaração com uma negação: “Não podemos dar água até que os pastores levem (seus rebanhos).” Eles não disseram: “Vamos dar água depois.” A formulação refletia confiança e determinação — modéstia combinada com firmeza.
- O objetivo deles não era mero conforto, mas proteção contra fitnah.
Eles esperaram “até que os pastores levem (seus rebanhos)” — significando que buscavam uma situação de completa evitação, não apenas redução da multidão. A verdadeira modéstia visa segurança, não conveniência.
- Quando uma delas se aproximou de Mūsā mais tarde, ela falou novamente com brevidade.
Ela disse: “Na verdade, meu pai te chama para que te recompense por teres dado água (aos nossos rebanhos).” Ela antecipou todas as possíveis perguntas — quem a enviou, por quê e para quê — para que não fosse necessário mais diálogo. Este é o discurso de uma mulher inteligente e com haya (modéstia).
- Até seu caminhar refletia modéstia.
Allah disse: “Então veio até ele uma das duas mulheres, caminhando timidamente.” Seu andar estava livre de arrogância, enfeites ou atração. Ibn ʿAbbās e ʿUmar (que Allah esteja satisfeito com eles) disseram que ela não andava como mulheres ousadas; ao contrário, caminhava com timidez e compostura — um andar nascido da pureza interior.
- Eles observaram a necessidade na medida certa.
Apenas uma delas foi chamar Mūsā; ambas não foram, pois a necessidade não exigia. A modéstia ensina equilíbrio — nem reclusão exagerada nem exposição imprudente, mas agir dentro dos limites da necessidade.
- Ela não atribuiu o convite a si mesma.
Ela disse: “Na verdade, meu pai te chama,” e não “Eu te chamo.” Isso preserva a modéstia até na formulação, evitando qualquer frase que pudesse ser mal interpretada ou levar à familiaridade. - O comportamento delas era habitual, não ocasional.
A declaração “Não podemos dar água até que os pastores levem (seus rebanhos)” usa o tempo presente “nós damos água,” implicando uma prática consistente de modéstia, não um ato único.
- Ela elogiou Mūsā indiretamente, com refinamento.
Ela disse: “Na verdade, o melhor homem para você contratar é o forte e confiável.” Ela não o mencionou pelo nome nem detalhou suas ações; apenas descreveu qualidades — força e confiabilidade — mostrando castidade até na expressão e admiração.
- ʿUmar ibn al-Khaṭṭāb (que Allah esteja satisfeito com ele) disse:
“Ela veio caminhando com timidez, cobrindo o rosto com sua vestimenta. Ela não era das mulheres ousadas que andam livremente.” (Relatado por Ibn Kathīr, que o classificou como autêntico.) Esta declaração mostra como os Companheiros entendiam sua modéstia como sinal de virtude e feminilidade. - A modéstia dela se estendia até ao guiar o caminho.
Foi narrado que quando ela e sua irmã guiaram Mūsā até sua casa, ele disse: “Caminhe atrás de mim, e se eu tomar o caminho errado, jogue uma pedra para me orientar.” Ele preferia não olhar para ela nem ouvir sua voz mais do que o necessário — uma perfeição da castidade de ambos os lados.
- Quando Mūsā encontrou seu pai, a conversa fluiu livremente porque a barreira de gênero havia desaparecido.
Allah disse: “Então, quando ele chegou até ele e contou a história.” Aqui a fala foi apropriada — entre homens — mostrando que a timidez demonstrada antes não era constrangimento, mas um ato consciente de adoração através da modéstia.


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